
A notícia de que Anne with an E não seria renovada após a terceira temporada doeu no peito dos fãs. A ponto de uma campanha gigantesca de “salve Anne with an E” ser iniciada: com direito a outdoors, inclusive na Times Square em New York. Surgiram boatos de que a série seria salva. Enquanto aguardamos, que tal você que nunca assistiu entender por que você precisa assistir à Anne with an E o quanto antes e ver por que ela precisa ser salva?
Um clássico da literatura Canadense

Antes de mais nada, vamos entender de onde vem a série. Moira Walley-Beckett, escritora e produtora vencedora do Emmy, adaptou o livro Anne of Green Gables (Anne de Green Gables, de 1908), da autora Lucy Maud Montgomery. A adaptação do clássico canadense foi lançada pela CBC no Canadá e Netflix globalmente. Os livros de L. M. Montgomery acompanham a vida de Anne. Ao total são seis livros sobre Anne, além de três livros em que ela aparece em um papel menor e duas coletâneas de histórias (aparece em um conto e é mencionada em outros).
A história se inicia com Anne Shirley, uma orfã ruiva de onze anos, sendo adotada pelos irmãos Cuthbert, por acidente: eles queriam um menino para ajudar na fazenda. Porém, a graça de Anne, sua imaginação e personalidade, conquistam Marilla e Matthew, que decidem ficar com a menina. A partir daí, vemos Anne fazer amigos e tocar os corações das pessoas de Avonlea e, claro, os nossos.
A história trata de assuntos importantes e atuais
Por ser uma adaptação, existem algumas liberdades que foram tomadas no enredo. Porém, a série ainda se mantém muito fiel ao livro. De qualquer forma, assuntos atuais e muito relevantes são abordados no contexto da série (o que nos faz pensar que muita coisa não mudou desde então): racismo e imigração, orfandade, traumas psicológicos, homossexualidade, o espaço da mulher na sociedade, morte, liberdade de expressão, o início da adolescência e suas descobertas, assédio, politicagem e muito mais.
Mas aí você pensa: parece uma série muito pesada. Não é. Anne With an E trata destes assuntos de uma forma leve, poética e família. É isso mesmo: a série é para absolutamente todas as idades. Por aqui quem assistiu foi um grupo que ia dos 15 aos 80 anos. Justamente a forma bela e comovente com que assuntos fortes como este são tratados que fazem da série uma pérola da televisão e do streaming. Por falar nisso…
A arte da série é impecável

Só pela abertura já vale o tempo investido em assistir à série. Com música de The Tragically Hip e pinturas de Brad Kunkle, a abertura carrega muito significado e traz diversas frases da obra original de Montgomery. Se você quiser saber mais sobre a abertura, a Thaisa Dalmut do blog Te Inspira fez um texto muito bom contando todo o processo, que você pode ler aqui.
Além disso, a fotografia de Anne With an E é lindíssima. Cada cena é um banquete para os olhos com as paisagens, os cenários e figurinos escolhidos cuidadosamente para criar a sensação de você estar vendo um conto de fadas. De fato, a série é poesia pura não só em seu texto, como também no visual.
Atuações perfeitas
Quão incrível é assistir algo e sentir fundo no coração o que o personagem está sentindo? Os atores e atrizes deste seriado são espetaculares. Você se conecta com os personagens e entende seus sentimentos e dilemas apenas pelos seus olhares.

Destaque para Amybeth McNulty, a Anne, que é esplendorosa encarnando a personagem, e os irmãos Marilla (Geraldine James) e Matthew (R. H. Thomson): os três têm uma química difícil de se ver por aí. Certamente, as cenas com eles são as que mais tocam o coração. Também temos no elenco Lucas Jade Zumann, de Mulheres do Século 20, fazendo Gilbert Blythe, Dalila Bela (filha de brasileira!) no papel de Diana Barry e Corrine Koslo como Rachel Lynde.
Mas por que assistir à Anne With an E se a série acabou?

Basicamente, assistir à Anne With an E é aquecer seu coração com pura poesia. A série tem comédia, drama, romance… e até aventura! São três temporadas que passam voando. Enquanto esperamos para saber se a série será salva, você pode curtir as temporadas lançadas sem problemas: a história é linda mesmo assim. Além disso, tirando alguns enredos, a terceira temporada tem um bom final. Não é o final de série ideal, porém é um bom final de temporada. Então você não fica completamente sem conclusão.
Depois de maratonar a série, me conte o que achou e apoie o movimento para salvar Anne With an E. Indique aos amigos!
Letícia Wilhelm
Escritora, formada em Letras e professora de língua inglesa. Gostaria de rodar o mundo e, mais ainda, criar um próprio para que outros possam visita-lo. Curte observar as pequenas coisas da vida e às vezes contá-las em histórias. Gosta de café e chocolate, de ver a chuva caindo e das tardes laranjas de outono.