O vidro embaçado com gotas caindo do céu lá fora. Uma ruazinha com casas simples escondida no meio da cidade. A cabeça recostada, os olhos contando gotas, a respiração lenta. O corpo todo relaxado, um pouco torto na cadeira, com a mochila entre os pés.
O sono da manhã, que se afastara um pouco com o achocolatado em “temperatura ambiente” e pão com manteiga, retornava para os olhos que começavam a semicerrar.
Ao seu redor, o silêncio era quebrado pelas gotas de fora e pela música… Ah, que música maravilhosa soava em seus ouvidos ali dentro! Uma guitarra dedilhada certeiramente, sem peso. Era leve e levava para outro estado de espírito, de mente, de corpo. A voz murmurava alguma história de sultões do balanço. As notas saíam como brincadeira.
Aquilo era a imagem perfeita de uma manhã comum na vida de uma criança que, mais tarde, escreveria. Em seus textos, faria um retrato do seu caminho para a escola ao som sempre do clássico que viraria uma de suas mais doces lembranças musicais.
Letícia Wilhelm
Escritora, formada em Letras e professora de língua inglesa. Gostaria de rodar o mundo e, mais ainda, criar um próprio para que outros possam visita-lo. Curte observar as pequenas coisas da vida e às vezes contá-las em histórias. Gosta de café e chocolate, de ver a chuva caindo e das tardes laranjas de outono.
Sabe que vc escreve e parece que, quem lê vive o que vc escreveu?
Até me vi mesmo, dentro de um carro, chuva, vidro embassado, ouvindo uma musica…
gostei mto daqui… vou seguir!!
http://opinandoemtudo.blogspot.com/
Concordo com a moça, Letícia, tem ideia do dom e da intimidade incrível que tens com as palavras? Consegue fazer-nos viver cada palavra. Eu gostaria de ter esse olhar mais clínico para a simplicidade, geralmente eu trago muita pompa para os textos.